O Caminho de Olívia
- Adenilson Barcelos de Miranda
- 12 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Olívia tem um nome que carrega consigo o peso e a leveza de uma história milenar. Em latim, "oliva" significa "azeitona" ou "oliveira", e essa árvore, tão antiga quanto as civilizações que a veneravam, traz em seus galhos a essência da vida.
Na Bíblia, a oliveira é sagrada, pois no monte das Oliveiras, Jesus chorou. E o azeite, extraído de seu fruto, tornou-se o símbolo do Espírito Santo de Deus, um bálsamo capaz de curar e santificar. Olívia, assim como a árvore que lhe emprestou o nome, é uma mulher de raízes fortes, que cresce em meio ao cerrado, um bioma tão resiliente quanto a própria oliveira.
Durante a semana, Olívia dedica-se ao trabalho com a precisão que o orçamento de uma instituição pública exige. Em meio a números, planilhas e projeções, ela encontra o sentido de sua função, sabendo que cada decisão não somente habita o presente, mas o futuro de muitas vidas. Ela é casada e mãe, e seu maior orgulho é a família que nasceu e cresceu sob a luz do sol nosso de cada dia. Assim, ao final de cada semana, o retorno para casa se torna um momento de introspecção e gratidão.
Enquanto viaja de volta para casa, Olívia observava a paisagem do cerrado. As árvores tortuosas e as folhas resistentes que dominam o horizonte registram um lembrete constante da força que nasce da adaptação. Essa imagem nos traz à mente a pintura de Paul Cézanne, com árvores em um cenário natural. Assim como na obra de Cézanne, onde as cores terrosas e o jogo de luzes capturam a essência da natureza em harmonia com o espírito humano, Olívia sente que sua vida floresce em meio aos desafios.

Para Olívia, a família é como um pomar de oliveiras, onde cada membro, com suas particularidades, contribuí para a força e a beleza do todo. As raízes profundas da união familiar a sustentam. Ela sabe que, assim como o azeite sagrado, o amor que compartilha é a essência que nutre suas vidas.
Ao chegar em casa, sente-se renovada, pronta para uma nova semana com a serenidade de quem sabe que o verdadeiro tesouro está na simplicidade dos momentos compartilhados.
Olívia compreende que, assim como no monte das Oliveiras, onde Jesus buscou consolo em suas últimas horas e chorou, sua vida também era marcada por momentos de reflexão e entrega. Ela é grata pelo trabalho que a desafiava e pela família que a completa. O cerrado, em toda a sua dureza e beleza, é o cenário de sua existência, um lugar onde ela, como a oliveira, cresce e produz frutos de amor e dedicação.
E assim, na viagem de retorno para casa, Olívia encontra seu refúgio, onde o céu do cerrado, tingido pelos últimos raios de sol, abençoa seus pensamentos e suas orações silenciosas. Porque, no fundo, ela sabe que o que realmente importa é o que está enraizado em seu coração para pensar o mundo.
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