Durante aquele almoço na UFAC, entre conversas sobre diagnósticos e a integração da Saúde Digital na oferta de serviços em saúde para os indígenas, a música entrou de repente, como se fosse mais um dado clínico.
Professores engajados, Rodrigo Pinheiro Silveira e Osvaldo e Sousa Leal Junior, mencionaram o álbum Txai, de Milton Nascimento, destacando a homenagem ao líder indígena Benke. Enquanto falavam, o espírito da arte se entrelaçava com a discussão sobre a Telessaúde, lembrando que a saúde vai muito além do físico: ela é também social, cultural e espiritual.
A Telessaúde, com suas ferramentas modernas, representa hoje o que talvez as canções de Milton representavam no passado — um meio de alcançar quem está longe, de conectar realidades diferentes. Assim como Txai é uma homenagem às vozes que a sociedade muitas vezes não ouve, a Telessaúde é a ponte entre o distante e o acesso à saúde, especialmente para as comunidades indígenas, como aquelas atendidas pelos Distritos Sanitário Indígena - DSEI's do Alto Rio Purus e do Juruá.
Fiquei pensando na letra de "Benke", uma referência ao menino indígena Benki Piyãko, que foi guia de Milton Nascimento em uma aldeia indígena no interior do Acre. Esse menino cresceu e hoje é um representante político e xamânico do povo Ashaninka, um ativista premiado na luta pela floresta e indígenas.
A música homenageia um líder, que lutou pela floresta, pelos seus povos e por sua cultura. Essa mesma luta se espelha no trabalho diário da Saúde Digital, onde a tecnologia não apenas trata, mas cria pontes de dignidade e preservação de vidas. Afinal, cuidar da saúde não é apenas tratar doenças, mas garantir que as histórias, culturas e saberes continuem a se propagar.
Assim como a arte de Milton Nascimento consegue falar ao coração, a Saúde Digital, através de diagnósticos remotos e capacitações contínuas, fala àqueles que precisam de cuidados, mesmo nos cantos mais remotos do país.
Durante o almoço, entre garfadas e sorrisos, o poder da arte e da tecnologia se encontraram, ambos a serviço da vida. Neste contexto, minha admiração pelo Núcleo de Telessaúde do Acre ganhou uma nova dimensão ao me revelar que Rodrigo Pinheiro Silveira, Osvaldo Sousa Leal Junior e a sua coordenadora, Mônica de Abreu Morais, atuam como integrantes de uma banda. Com seus instrumentos e sons, eles capturam o ritmo da vida e das emoções humanas, traduzindo-os em música e saúde.
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