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Encontro Regional de Saúde Digital e Telessaúde – Nordeste: Colaboração, Inovação e Fortalecimento do SUS Digital

  • Foto do escritor: Adenilson Barcelos de Miranda
    Adenilson Barcelos de Miranda
  • 11 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

Professor Humberto Serra, coordenador do NTS-UFMA. São Luís (MA), agosto de 2024.
Professor Humberto Serra, coordenador do NTS-UFMA. São Luís (MA), agosto de 2024.

O Encontro Regional de Saúde Digital e Telessaúde – Edição Nordeste, realizado nos dias 7 e 8 de agosto de 2024, em São Luís (MA), marcou um momento decisivo para o fortalecimento da transformação digital no Sistema Único de Saúde (SUS). Organizado pela Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde, no âmbito do Departamento de Saúde Digital e Inovação (DESD), o evento reuniu profissionais, gestores, pesquisadores e representantes de instituições públicas e acadêmicas, consolidando a Saúde Digital como eixo estratégico para a ampliação do acesso e a qualificação do cuidado em toda a região Nordeste. O encontro ocorreu na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), instituição que retomou recentemente as atividades do seu Núcleo de Telessaúde com novas instalações, projetos e equipe qualificada. Durante a abertura, a Secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad, destacou a relevância do evento para o Programa SUS Digital, reforçando o papel da Telessaúde na integralidade do cuidado e na superação das desigualdades regionais.

O coordenador do NTS-UFMA, professor Humberto Serra, apresentou o histórico, os desafios e os avanços do Núcleo no Maranhão, ressaltando sua importância para a expansão da Telessaúde em áreas remotas e populações vulneráveis.

Um dos pontos altos do encontro foi o debate sobre a implementação da Telessaúde em territórios indígenas e quilombolas. Representantes do Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão (DSEI-MA) enfatizaram a parceria recente com o NTS-UFMA e a necessidade de ampliar mecanismos de cuidado remoto a essas populações. As discussões reforçaram que a Telessaúde desempenha papel estratégico na democratização do acesso à saúde no Brasil, especialmente em regiões de grande extensão territorial e vulnerabilidade social. Os participantes destacaram que esses recursos contribuem para o cuidado contínuo, reduzem deslocamentos e fortalecem a integração entre os níveis de atenção.

Curt Nimuendajú. The Eastern Timbira. 1946.
Curt Nimuendajú. The Eastern Timbira. 1946.

Ao percorrer o evento, era impossível não recordar a força simbólica e histórica do Maranhão, território que abriga povos originários, comunidades quilombolas e uma cultura marcada por resistência, diversidade e ancestralidade. Um estado que, para muitos estudiosos, integra o chamado “País Timbira”, estado referência ao conjunto de povos indígenas falantes de línguas do tronco Macro-Jê, conforme pontuou o etnólgo Curt Nimuendajú.

Essa memória cultural enriquece o sentido da Telessaúde na região. Ela não chega para substituir tradições, mas para ampliar possibilidades de cuidado, fortalecer o direito à saúde e integrar saberes tradicionais ao sistema público. No encontro, a tecnologia dialogou com a ancestralidade e foi acolhida como ferramenta de vida, não como ruptura. Antecedendo o Encontro Regional, ocorreu no NTS-UFMA um processo de qualificação dos profissionais de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) para o uso da maleta de Telessaúde.

Durante a qualificação me chamou atenção a participação significativa de médicos cooperados de Cuba, integrantes do Programa Mais Médicos. Esses profissionais, já reconhecidos por sua forte atuação em regiões remotas, demonstraram elevado compromisso com a formação e com o aprimoramento das práticas de cuidado em territórios indígenas. A presença desses profissionais agregou experiências clínicas robustas em contextos de alta vulnerabilidade, além de contribuir para a integração entre o conhecimento técnico, a sensibilidade cultural e o uso adequado das tecnologias digitais. A interação entre médicos cubanos, profissionais indígenas e equipes do Ministério da Saúde reforçou que a Telessaúde, quando aliada ao trabalho colaborativo, fortalece o cuidado integral, amplia a resolutividade das equipes locais e consolida a visão de saúde como direito e como bem-estar ampliado para todas as comunidades.

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